Por que os pequenos hábitos são cruciais para a aprendizagem?

Por que os pequenos hábitos são
cruciais para a aprendizagem?

 

Yoga e alemão. Estes são dois aprendizados aos quais decidi me dedicar este ano. Nunca tinha tido um contato mais aprofundado com um ou com outro. E não tenho nenhuma facilidade em especial. Para falar a verdade, no meio da pandemia e com uma filha pequena, meu tempo era bem escasso. Então, decidi usar estratégias semelhantes nos dois casos: criar pequenos hábitos.

Comecei de forma modesta, dentro das possibilidades da minha rotina. Baixei dois aplicativos indicados por amigos (Down Dog App para o yoga e Duolingo para o alemão). Minha meta inicial: 15 minutos por dia.

No começo, funcionou melhor para o alemão do que para o yoga, provavelmente porque tenho mais facilidade com idiomas do que habilidade física. Mas, agora, os dois estão indo bem, obrigada. Completei na semana passada 250 dias seguidos de alemão e tenho feito 30 minutos de yoga cinco vezes por semana há 2 meses (apesar dos tropeços iniciais, não parei).

Ainda não sou “master” em nenhum dos dois – e nem era esse o objetivo: são aprendizados com desafios para a vida toda. Mas, tenho satisfação em dizer, aprendi MUITO neste período. Sei muito mais do que sabia quando comecei. Às vezes, sinto saltos de melhora que nem sei explicar direito.

E por que estou contando isso?

Hábitos Atômicos

Porque precisamos falar sobre hábitos e sua importância para a aprendizagem e para a mudança de comportamento.

Muitos de nós, na escola, nos acostumamos a estudar na véspera ou alguns dias antes da prova, geralmente por muitas horas seguidas. Acho que nem preciso dizer que muitos de nós esquecemos o conteúdo com a mesma rapidez, depois da prova.

São inúmeras as pesquisas que demonstram a efetividade do spaced learning (aprendizagem espaçada). A ideia é entrar em contato com conteúdos por menos tempo, mas com regularidade, funciona bem melhor do que estudar por horas seguidas, mas sem frequência.

Talvez você já tenha ouvido falar em microlearning, que se inspira neste conceito. Na prática, muitas vezes, ele se resumiu a oferecer vídeos curtos aos aprendizes.

Mas não estou falando só de apresentar conteúdos. Criar pequenos hábitos é mais do que isso.

Aprendizagem além do conteúdo

É incorporar mudanças ao dia-a-dia, mesmo que elas sejam bem pequenas. Pequenas mudanças incrementais fatalmente levam a grandes mudanças no tempo.

No livro Hábitos Atômicos, o autor James Clear diz: “A diferença que uma pequena melhoria pode fazer ao longo do tempo é impressionante. Veja como a matemática funciona: se você conseguir ficar 1% melhor a cada dia durante um ano, acabará sendo 37 vezes melhor quando terminar. Por outro lado, se ficar 1% pior a cada dia durante um ano, você declinará quase a zero.”

Fácil falar, nem sempre fácil fazer. No livro, Clear dá dicas de como criar e manter hábitos na sua rotina, o que favorece e o que dificulta a sua continuidade.

A neurociência confirma suas recomendações. Para automatizarmos processos, torná-los mais fáceis e reduzir seu gasto energético, a repetição regular tem um papel fundamental. É como quando aprendemos a dirigir, no começo é difícil e desgastante, depois nem precisamos pensar para agir.

Mesmo o processo de aprender pode se desenvolver como um pequeno hábito. Gostaria, mas tem dificuldade de ler livros, por que não começar com hábitos modestos? 5 minutos por dia, depois de escovar os dentes de manhã, por exemplo? Quer desenvolver sua habilidade de questionar? Por que não combinar com um amigo ou um colega de trabalho um exercício todos os dias ao voltar do almoço?

Este é um dos caminhos possíveis indicados no livro de Clear: associar um hábito novo a outro que já está enraizado. É o que ele chama de empilhamento de hábitos. Por exemplo, eu estudo alemão todos os dias, pelo menos 15 minutos, depois do café da manhã.

Aprendizagem corporativa

E a aprendizagem corporativa? Como pode se beneficiar deste conhecimento?

De várias formas. Um case interessante foi o Desafio de 30 Dias, que o Citi desenvolveu em alguns países. Em vez de conteúdos, os colaboradores eram convidados a cumprir e compartilhar pequenos desafios que apoiassem seu desenvolvimento e aprendizado.

São muitas as possibilidades. A ideia é incentivar os colaboradores a desenvolverem hábitos de aprendizagem, em vez de apenas entregar conteúdos. Jogos e desafios podem ser bons aliados nesta hora.

No início do texto, usei aplicativos como Duolingo e Down Dog como exemplos pessoais. Mas acredito que eles também podem trazer bons insights de como apoiar as pessoas na busca da mudança de comportamento e do desenvolvimento de novos hábitos. A facilidade de acesso, a linguagem amigável, o convite para desafios (e não convocações) podem ser boas inspirações para novos projetos de aprendizagem corporativa.

Por Nira Bessler, lifelong learner, especialista em aprendizagem de adultos e apaixonada pelo tema.

 

 

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