Do contraintuitivo ao automático

Por Nira Bessler, lifelong learner, especialista em aprendizagem de adultos e apaixonada pelo tema.

Na aprendizagem, antes de chegar ao conforto de fazer as coisas no automático, muitas vezes temos que passar pelo esforço do contraintuitivo.

Aprender tem muito a ver com automatizar novos hábitos. Dirigir é um exemplo clássico. Quando alguém aprende a dirigir, precisa se esforçar bastante, prestar atenção em tudo, pensar sobre o que fazer. Isso demanda um gasto de energia grande do novo motorista. Mas, aos poucos, conforme se cria o hábito, o processo vai ficando gradualmente mais intuitivo.

Tudo passa a ser mais fácil e confortável. E, metabolicamente, o gasto de energia diminui.

Já parou para pensar como essa analogia pode ser boa para outros tipos de

aprendizados?

Quando nos deparamos com uma informação ou uma tarefa nova, pode ser bastante desconfortável no começo. E existe uma razão biológica para isso, como O prêmio Nobel de economia Daniel Kahneman explica em seu best-seller, Rápido e Devagar: Duas Formas de Pensar. Há uma forma de pensar mais lenta e cansativa e outra mais automática e intuitiva. A neurocientista Lisa Feldman Barrett também aborda este tema. Foi com ela que descobri que aprender algo novo é uma das duas coisas que mais demandam energia do nosso corpo. A outra é fazer exercícios físicos. Ao mesmo tempo, se persistimos e criamos um hábito a partir daquilo que estamos aprendendo, a tendência é que aos poucos ele fique mais suave e, em dado momento, se incorpore e se naturalize. Outra boa analogia são os exercícios físicos.

Se seguimos fazendo os mesmos exercícios, com o mesmo grau de dificuldade, uma hora eles não demandam mais o mesmo gasto calórico do início. Vai tudo ficando mais fácil e confortável (no caso do exercício, não é o que queremos, mas às vezes na aprendizagem é tudo que buscamos, pelo menos num primeiro momento).

Assim como no exercício físico, o próprio processo de aprendizagem pode se tornar mais prazeroso quanto mais nos dedicamos a ele.

Por isso, no processo de aprendizagem, criar um hábito é parte importante do processo. Entrar em contato com um conteúdo ou uma atividade uma única vez dificilmente vai levar aos objetivos desejados.

Por exemplo, se você quer aprender a usar o Excel, não basta usar uma vez algumas fórmulas. Mesmo que por um dia inteiro! Se você não criar o hábito de acessar com frequência, se você não se deparar com problemas que podem ser resolvidos com Excel e, intencionalmente, tomara decisão de usá-lo, mesmo com dificuldades do começo, bem… provavelmente, você não vai aprender a usá-lo com facilidade no dia-a-dia.

Aprender é um processo e não um evento, como já comentei em outro artigo aqui no blog da Reciclare. Mas nem sempre é suave no começo. 

Assim como dirigir um carro, atenção e intencionalidade são fundamentais no princípio. Em outras palavras, para chegar ao conforto do conhecido é preciso passar pelo esforço do contraintuitivo.

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